quinta-feira, 23 de agosto de 2012


Entrevista com o professor Pedro Petrovick



Em 1969 o professor Pedro Ros Petrovick ingressa na UFRGS, ele relata que fez um cursinho preparatório que era realizado na própria Faculdade, pelo Diretório Acadêmico, e que as aulas eram ministradas por alunos da Fac, nas dependências da mesma. Neste mesmo ano, relatou que o vestibular para o Curso de Farmácia foi realizado no mesmo período de tempo que para ingresso nos demais. Antes, cada Curso tinham datas diferentes para as provas.
Sua turma, assim como as demais, tinha representantes no Diretório Acadêmico (DA). Ele participou em várias Secretarias do DA e foi o Chefe do Executivo do Diretório, bem no auge da ditadura. O Diretório naquela época era politicamente ativo, tinha um aprendizado político forte. Ele participou por 4 anos do Diretório.
A estrutura do Diretório era diferente. Além do Presidente, que era responsável pela política do DA, havia o Chefe do Executivo, que comandava as Secretarias. Tinha muita movimentação política por parte dos alunos. Música da época, que era proibida, "Pra não dizer que não falei de flores” do Geraldo Vandré era comum de ser ouvida em alto e bom som, no sistema estéreo do DA. O mimeógrafo do DA era utilizado para a confecção de panfletos políticos. Assim, este equipamento "subversivo", era objetivo dos policiais das "forças de segurança", que o procurava, a fim de o eliminarem, e que os alunos da Faculdade escondiam o mesmo em suas casas.
Como estavam na época do auge da ditadura, a policia prendeu muitos alunos, um deles foi preso na Facfar, e por fim suicidou-se na prisão na Base Aérea de Canoas. Os alunos queriam que seu corpo fosse velado na Reitoria da Universidade. Como isto constituía numa atitude contrária à Segurança Nacional, pelo Decreto 477, dirigentes do DCE foram expulsos da Universidade. Nesta mesma época Professores foram caçados, por serem considerados comunistas (contrários ao regime). Era muito comum aparecerem pessoas que não eram da Faculdade, infiltradas como agentes do DOPS.
Em todos finais de semana haviam reuniões dançantes na FACFAR (todo taxista conhecia o endereço da FAC, por isto), sendo cada uma responsabilidade de uma turma (alunos que ingressaram no mesmo ano na FAC) e, sempre, num dos fins de semana a festa era organizada pelo Diretório. O dinheiro arrecadado era destinado ao grupo responsável pela atividade. O bar e o Diretório tinham uma infraestrutura diferente da de hoje, ocupando todo o lado esquerdo do andar térreo e o primeiro andar da Faculdade: um espaço de lazer e de política para os estudantes. Haviam concursos de poesia, música, xadrez, damas. A vida social e cultural dos alunos era muito intensa. O Professor Petrovick observa que os estudantes tinham uma linguagem política muito apurada. No bar da FACFAR era permitido o consumo de bebidas alcoólicas. Havia também muitas atividades esportivas, cada turma tinha, no mínimo, um time de futebol de salão. O DA gerenciava um restaurante universitário nas dependências do bar.
Havia mais homens que mulheres, depois de alguns anos, a proporção ficou equivalente. Muitos namoros (casamentos) entre alunos do curso. Tinha muitas freiras (religiosas), muitas deixaram de ser durante o estudo.
A Farmácia era um curso bem procurado. Algumas  pessoas que não conseguiam uma vaga na medicina optavam pelo curso de Farmácia, esses eram chamados de alunos "paraquedistas". Os alunos ingressantes tinham idade entre 18 e 20 anos, entravam 100 alunos por ano no curso e a maioria optava pelas Analises Clínicas. As provas do vestibular eram feitas pelos professores da FACFAR.
Ao final da década de 60 foi implantada a Reforma Universitária, estabelecendo os Institutos Centrais (Química, Bioquímica, etc...) e mantendo algumas Unidades individualizadas, como a nossa FAC.
Assim, anteriormente, cerca de 80% das aulas eram ministradas na FACFAR.
Isto mudo após a Reforma.
Em 1971 foram estabelecidos os Conselhos dos Institutos e dos Departamentos. Petrovick salientou que o primeiro representante estudantil eleito para o IQ, era da faculdade de Farmácia, o que foi conseguido através da movimentação política dos Estudantes da FAC. Deste modo, embora os alunos da Farmácia constituissem a minoria dos alunos do IQ, conseguiram maioria nos votos sendo o, na época, acadêmico Petrovick escolhido como representante discente.
Salientou a implantação da pós-graduação, no final da década de 60, e as alterações do ambiente físico da FACFAR. Estabelecimento da SAEF nos anos 70.
O professor Petrovick, terminou sua graduação em 1972. Em seguida ingressou no Curso de Mestrado da Unidade e realizou, através do Convênio entre as Universidade de Münster/Alemanha e a UFRGS, o primeiro acordo interuniversitário com a Alemanha da nossa Universidade, seu Doutorado.

Entrevistadoras: Pâmela Gabriele e Thais Machado

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