Entrevista
com o professor Pedro Petrovick
Em 1969 o professor Pedro Ros
Petrovick ingressa na UFRGS, ele relata que fez um cursinho preparatório que
era realizado na própria Faculdade, pelo Diretório Acadêmico, e que as aulas
eram ministradas por alunos da Fac, nas dependências da mesma. Neste mesmo ano,
relatou que o vestibular para o Curso de Farmácia foi realizado no mesmo
período de tempo que para ingresso nos demais. Antes, cada Curso tinham datas
diferentes para as provas.
Sua turma, assim como as demais,
tinha representantes no Diretório Acadêmico (DA). Ele participou em várias
Secretarias do DA e foi o Chefe do Executivo do Diretório, bem no auge da
ditadura. O Diretório naquela época era politicamente ativo, tinha um
aprendizado político forte. Ele participou por 4 anos do Diretório.
A estrutura do Diretório era
diferente. Além do Presidente, que era responsável pela política do DA, havia o
Chefe do Executivo, que comandava as Secretarias. Tinha muita movimentação
política por parte dos alunos. Música da época, que era proibida, "Pra não
dizer que não falei de flores” do Geraldo Vandré era comum de ser ouvida em
alto e bom som, no sistema estéreo do DA. O mimeógrafo do DA era utilizado para
a confecção de panfletos políticos. Assim, este equipamento
"subversivo", era objetivo dos policiais das "forças de
segurança", que o procurava, a fim de o eliminarem, e que os alunos da Faculdade
escondiam o mesmo em suas casas.
Como estavam na época do
auge da ditadura, a policia prendeu muitos alunos, um deles foi preso na Facfar,
e por fim suicidou-se na prisão na Base Aérea de Canoas. Os alunos queriam que seu
corpo fosse velado na Reitoria da Universidade. Como isto constituía numa
atitude contrária à Segurança Nacional, pelo Decreto 477, dirigentes do DCE foram
expulsos da Universidade. Nesta mesma época Professores foram caçados, por
serem considerados comunistas (contrários ao regime). Era muito comum aparecerem
pessoas que não eram da Faculdade, infiltradas como agentes do DOPS.
Em todos finais de semana
haviam reuniões dançantes na FACFAR (todo taxista conhecia o endereço da FAC,
por isto), sendo cada uma responsabilidade de uma turma (alunos que ingressaram
no mesmo ano na FAC) e, sempre, num dos fins de semana a festa era organizada
pelo Diretório. O dinheiro arrecadado era destinado ao grupo responsável pela
atividade. O bar e o Diretório tinham uma infraestrutura diferente da de hoje, ocupando
todo o lado esquerdo do andar térreo e o primeiro andar da Faculdade: um espaço
de lazer e de política para os estudantes. Haviam concursos de poesia, música,
xadrez, damas. A vida social e cultural dos alunos era muito intensa. O Professor
Petrovick observa que os estudantes tinham uma linguagem política muito apurada.
No bar da FACFAR era permitido o consumo de bebidas alcoólicas. Havia também muitas
atividades esportivas, cada turma tinha, no mínimo, um time de futebol de salão.
O DA gerenciava um restaurante universitário nas dependências do bar.
Havia mais homens que
mulheres, depois de alguns anos, a proporção ficou equivalente. Muitos namoros
(casamentos) entre alunos do curso. Tinha muitas freiras (religiosas), muitas
deixaram de ser durante o estudo.
A Farmácia era um curso bem procurado.
Algumas pessoas que não conseguiam uma
vaga na medicina optavam pelo curso de Farmácia, esses eram chamados de alunos
"paraquedistas". Os alunos ingressantes tinham idade entre 18 e 20
anos, entravam 100 alunos por ano no curso e a maioria optava pelas Analises Clínicas.
As provas do vestibular eram feitas pelos professores da FACFAR.
Ao final da década de 60 foi
implantada a Reforma Universitária, estabelecendo os Institutos Centrais
(Química, Bioquímica, etc...) e mantendo algumas Unidades individualizadas,
como a nossa FAC.
Assim, anteriormente, cerca
de 80% das aulas eram ministradas na FACFAR.
Isto mudo após a Reforma.
Em 1971 foram estabelecidos
os Conselhos dos Institutos e dos Departamentos. Petrovick salientou que o
primeiro representante estudantil eleito para o IQ, era da faculdade de Farmácia,
o que foi conseguido através da movimentação política dos Estudantes da FAC.
Deste modo, embora os alunos da Farmácia constituissem a minoria dos alunos do
IQ, conseguiram maioria nos votos sendo o, na época, acadêmico Petrovick
escolhido como representante discente.
Salientou a implantação da pós-graduação,
no final da década de 60, e as alterações do ambiente físico da FACFAR. Estabelecimento
da SAEF nos anos 70.
O professor Petrovick, terminou
sua graduação em 1972. Em seguida ingressou no Curso de Mestrado da Unidade e
realizou, através do Convênio entre as Universidade de Münster/Alemanha e a
UFRGS, o primeiro acordo interuniversitário com a Alemanha da nossa
Universidade, seu Doutorado.
Entrevistadoras: Pâmela Gabriele e Thais Machado
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